Formação e sustentação do altruísmo nas organizações educativas: o dilema da reciprocidade forte no desenvolvimento do espírito cooperativo

Marília Favinha, David Beirante

Resumo


Este artigo pretende dar um contributo para uma nova concepção do comportamento altruís- ta e da sua influência no desenvolvimento do espírito cooperativo nas organizações educati- vas. Em primeiro lugar, trata-se de contextualizar o conceito de altruísmo e de reciprocidade no âmbito organizacional. Neste aspecto, o altruísmo unilateral é uma abstracção, possuindo antagonismos irreconciliáveis com a perspectiva da distribuição assimétrica de poder nestas organizações. Por sua vez, o altruísmo recíproco, que possui suporte teórico nas expectativas mútuas de que um favor concedido venha a ser retribuído no futuro, espera que a negociação seja efectuada de forma automática, franca e livre de conflitos, funcionando sem a necessidade de um mecanismo de regulação ou punição. Porém, as tentativas para entender a cooperação entre actores organizacionais podem assentar, em boa parte, na “reciprocidade forte” que, con- ceptualmente, inclui a propensão para punir aqueles que violam as normas de cooperação.

No presente artigo, enuncia-se um dilema, uma espécie de antítese simbólica do comportamen- to cooperativo: a dissidência cognitiva entre os membros da organização educativa aumenta com as diferenças ideológicas que afastam os indivíduos da perfeita harmonia de interacção, mas são estas mesmas diferenças que motivam para o debate de ideias e para o desenvolvi- mento de uma dinâmica que os afasta da indolência. Porém, com o aumento dos “dissidentes”, as sanções que mantinham os indivíduos acorrentados às regras de uma cooperação, regulada através reciprocidade forte, perdem importância, indiciando o fim do comportamento coopera- tivo. 


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