INTERRUPÇÃO MÉDICA DA GRAVIDEZ: RELATO CASO

Inês Atanásio, Otília Brites Zangão

Resumo


Enquadramento: A interrupção da gravidez pode ser voluntária ou médica dependendo dos motivos para tal e da idade gestacional. Sendo que a opção voluntária só pode ser realizada até às 10 semanas e 6 dias, a opção médica pode ser efetuada até às 24 semanas nas situações de anomalias fetais ou risco de vida para a mãe. Objetivo: Apresentar uma proposta de plano de cuidados de enfermagem centrados na mulher submetida a uma interrupção médica da gravidez. Método: abordagem descritiva e observacional, tendo por base o respeito pelos princípios éticos e da confidencialidade, de um caso prático de uma mulher de 37 anos sujeita a uma interrupção médica da gravidez, após o diagnóstico confirmado de Trissomia 21. Elaborado através de uma colheita de dados, onde foi utilizado o modelo teórico de Roper-Logan-Tierney e de uma pesquisa bibliográfica. O relato de caso foi elaborado segundo as diretrizes CAse REport [CARE], o plano de cuidados foi baseado na taxonomia CIPE® e as intervenções foram selecionadas segundo a classificação NIC. Resultados: Foram identificados sete diagnósticos de enfermagem, dos quais foram selecionados quatro, considerados como mais relevantes neste caso: Ansiedade, Dor, Luto e Risco de Hemorragia. Conclusão: A interrupção da gravidez exige uma abordagem empática e humanizada, especialmente em situações de anomalias fetais. O enfermeiro obstetra desempenha um papel fundamental na gestão dos cuidados, atuando na promoção do bem-estar físico e emocional da mulher/casal, primando por um cuidado de qualidade e respeitando os princípios éticos. Palavras-Chave: Aborto Terapêutico; Anomalias Congénitas; Enfermeiro Obstetra; Cuidados de Enfermagem.


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DOI: http://dx.doi.org/10.60468/r.riase.2025.11(0).766.28-37

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