VIOLÊNCIA CONTRA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE DE CUIDADOS NA COMUNIDADE: UM ESTUDO QUALITATIVO

Cátia Jesus Leira, Maria João da Silva Bernardo Ferreira, Joana Rita Pimenta Nobre

Resumo


Introdução: A prestação de cuidados em contexto domiciliário e comunitário implica o contacto com a população fora do ambiente institucional, revelando-se um contexto muitas vezes desconhecido e pouco seguro, propenso a situações de violência. Esta traduz-se como um fenómeno de elevado impacto não só na saúde, como nas organizações e na economia. Pretende-se identificar as necessidades sentidas pelos profissionais de saúde de uma Unidade de Cuidados na Comunidade da região de Lisboa e Vale do Tejo, na área da segurança dos profissionais de saúde, na dimensão da prevenção da violência sobre os profissionais de saúde. Métodos: Estudo exploratório, descritivo e transversal, de natureza qualitativa, com recurso a entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo, no período de junho de 2022 e abril de 2023. Amostra por conveniência constituída pelos profissionais de saúde que integravam a equipa multidisciplinar desta Unidade, mediante critérios de inclusão e exclusão pré-definidos. Resultados: Verificou-se a escassa formação relativamente à temática da violência contra os profissionais de saúde. Constatou-se a desvalorização das situações de violência ocorridas no âmbito da atividade profissional, traduzindo-se numa subnotificação das mesmas, para além do desconhecimento relativamente aos procedimentos subsequentes. Conclusão: É necessário capacitar e formar os profissionais de saúde das Unidade de Cuidados na Comunidade quanto ao fenómeno da violência sobre os profissionais no âmbito da atividade profissional, bem como dos procedimentos subsequentes, nomeadamente a notificação, permitindo definir estratégias para lidar com este fenómeno. Palavras-chave: Violência no Trabalho, Serviços de Saúde Comunitária, profissional de saúde, Serviços de Assistência Domiciliar, Notificação de Acidentes de Trabalho


Texto Completo:

PDF PDF (English)

Referências


Lopes N (Coord.), Ribas A, Lopes C, Rodrigues E, Alves F. Estudo de Avaliação dos Riscos Psicossociais na Administração Pública. 2021 Disponível em: https://www.dgaep.gov.pt/upload/Estudos/2021/Relatorio_Global_Avaliacao_de_Riscos_Psicossociais%20-%20NOV2021.pdf

Chagas D. Riscos psicossociais no trabalho: causas e consequências. Revista INFAD de Psicología [Internet]. 25 de junho de 2015 [citado 06 de julho de 2023];2(1):439-46. Disponível em: https://revista.infad.eu/index.php/IJODAEP/article/view/24, https://doi.org/10.17060/ijodaep.2015.n1.v2.24.

EU-OSHA. Riscos psicossociais no trabalho e stresse. 2020 [citado 2023 Jul 06]. Disponível em: https://osha.europa.eu/pt/themes/psychosocial-risks-and-stress.

World Health Organization. Preventing violence against health workers [Internet]. 2023 [citado 2023 Jul 06]. Disponível em: https://www.who.int/activities/preventing-violence-against-health-workers.

International Labour Organization. C190 - Convenção sobre Violência e Assédio, 2019 (nº 190). [Internet]. 2019 [citado 2023 Jul 06]. Disponível em: https://www.ilo.org/dyn/normlex/en/f?p=NORMLEXPUB:12100:0::NO::P12100_ILO_CODE:C190.

Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida – Plano de ação para a prevenção da violência no setor da saúde. Direção-Geral da Saúde. 2020. Disponível em https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2020/02/DGS_Plano_AP_Violencia_S_Saude_2020-02-29-FINAL.pdf.

Watson A, Jafari M, Seifi A. The persistent pandemic of violence against health care workers. The American Journal of Managed Care. 2020. 26(12), e377–e379. doi: 10.37765/ajmc.2020.88543.

Resolução do Conselho de Ministros n.º 1/2022, da Presidência de Conselho de Ministros. Aprova o Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde. Diário da República, 1.ª série, n.º 3. P. 7-19. 2022.

García-Pérez MD, Rivera-Sequeiros A, Sánchez-Elías TM, Lima-Serrano M. Workplace violence on healthcare professionals and underreporting: Characterization and knowledge gaps for prevention. Enferm Clin (Engl Ed). 2021;31(6):390-395. doi: 10.1016/j.enfcle.2021.05.001.

Decreto-Lei n.º 28/2008. Diário da República, 1.ª série — N.º 38 — 22 de Fevereiro de 2008. 2008. Disponível em: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/28-2008-247675.

Tong, A.; Sainsbury, P.; Craig, J. Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ): A 32-Item Checklist for Interviews and Focus Groups. Int. J. Qual. Heal. Care. 2007, 19 (6), 349–357. doi: 10.1093/intqhc/mzm042

Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Normas De Submissão De Protocolos De Investigação Para Apreciação Por Comissões De Ética Da Região De Lisboa e Vale do Tejo. 2021. Disponível em https://www.arslvt.min-saude.pt/wp-content/uploads/sites/5/2021/08/Normas_de_submiss_o_de_protoclos_de_investiga__o_vers_o_jan_2021.pdf.

Macdonald M, McLean H. Home care and home support worker safety: a scoping review. Vancouver. Perspectives, Journal Canadian Gerontological Nurses Association. 2018. 40 (1), 18-26.

OSHA. Guidelines for Preventing Workplace Violence for Health Care & Social Service Workers. 2022. Disponível em https://www.oshatrain.org/courses/studyguides/776studyguide.pdf.

OSHA. Workplace Violence. (s.d.). [citado 06 de julho de 2023]. Disponível em: hhttps://www.osha.gov/SLTC/workplaceviolence/index.html.

Shaikh S, Baig LA, Hashmi I, Khan M, Jamali S, Khan MN, Saleemi MA, Zulfiqar K, Ehsan S, Yasir I, Haq ZU, Mazharullah L, Zaib S. The magnitude and determinants of violence against healthcare workers in Pakistan. BMJ Glob Health. 2020;5(4):e002112. doi 10.1136/bmjgh-2019-002112.

Cenk SC. An analysis of the exposure to violence and burnout levels of ambulance staff. Turk J Emerg Med. 2018;19(1):21-25. doi: 10.1016/j.tjem.2018.09.002.

Arif S, Baig LA, Shaikh S, Hashmi I, Sarwar Z, Baig ZA. Violence against health care workers in rural areas of Sindh, Pakistan. J Pak Med Assoc. 2022;72(11):2150-2153. doi: 10.47391/JPMA.3120.

Liu J, Gan Y, Jiang H, Li L, Dwyer R, Lu K, Yan S, Sampson O, Xu H, Wang C, Zhu Y, Chang Y, Yang Y, Yang T, Chen Y, Song F, Lu Z. Prevalence of workplace violence against healthcare workers: a systematic review and meta-analysis. Occup Environ Med. 2019;76(12):927-937. doi: 10.1136/oemed-2019-105849.

Pai DD, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Violência física e psicológica perpetrada no trabalho em saúde. Texto contexto - enferm. 27 (1). 2018. doi: 10.1590/0104-07072018002420016.

Kowalczuk K, Krajewska-Kułak E. Influence of selected sociodemographic factors on psychosocial workload of nurses and association of this burden with absenteeism at work. Med Pr. 2015;66(5):615-624. doi: 10.13075/mp.5893.00076.

Aristidou L, Mpouzika M, Papathanassoglou EDE, Middleton N, Karanikola MNK. Association Between Workplace Bullying Occurrence and Trauma Symptoms Among Healthcare Professionals in Cyprus. Front Psychol. 2020;11:575623. doi: 10.3389/fpsyg.2020.575623.

Ielapi N, Andreucci M, Bracale UM, et al. Workplace Violence towards Healthcare Workers: An Italian Cross-Sectional Survey. Nurs Rep. 2021;11(4):758-764. doi: 10.3390/nursrep11040072.

Campo VR, Klijn TP. Abuso verbal e assédio moral em serviços de atendimento pré-hospitalar no Chile. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2017;25, e2956. doi: 10.1590/1518-8345.2073.2956.

Small TF, Gillespie GL, Hutton S, Davis KG, Smith CR. Workplace Violence Prevalence and Reporting in Home Health Care: A Cross Sectional Survey. Home Health Care Management & Practice. 2023;35(1):31-39. doi: 10.1177/10848223221116144.

Organização Internacional do trabalho. Ambientes de trabalho seguros e saudáveis livres de violência e de assédio – Genebra, OIT. 2020. Disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---europe/---ro-geneva/---ilo-lisbon/documents/publication/wcms_783092.pdf.

Mento C, Silvestri MC, Bruno A, Muscatello MRA, Cedro C, Pandolfo G, Zoccali RA. Violência no local de trabalho contra profissionais de saúde: uma revisão sistemática. Agressão. Comportamento violento. 2020;51, 101381.

Han CY, Chen LC, Lin CC, Goopy S, Lee HL. How Emergency Nurses Develop Resilience in the Context of Workplace Violence: A Grounded Theory Study. J Nurs Scholarsh. 2021;53(5):533-541. doi: 10.1111/jnu.12668.

Hollywood L, Phillips KE . Nurses' resilience levels and the effects of workplace violence on patient care. Applied nursing research: ANR, 2020;54, 151321. doi: 10.1016/j.apnr.2020.151321.

Green O, Ayalon L. The contribution of working conditions and care recipient characteristics to work-related abuse and exploitation of migrant home care workers. Employee Relations. 2017; Vol. 39 No. 7, pp. 1001-1014. doi: 10.1108/ER-07-2016-0136.

Campbell CL. Incident Reporting by Health-Care Workers in Noninstitutional Care Settings. Trauma Violence Abuse. 2017;18(4):445-456. doi: 10.1177/1524838015627148.

Al Anazi RB, AlQahtani SM, Mohamad AE, Hammad SM, Khleif H. Violence against Health-Care Workers in Governmental Health Facilities in Arar City, Saudi Arabia. ScientificWorldJournal. 2020;2020:6380281. doi: 10.1155/2020/6380281.

Zhong XF, Shorey S. Experiences of workplace violence among healthcare workers in home care settings: A qualitative systematic review. Int Nurs Rev. 2022;10.1111/inr.12822. doi: 10.1111/inr.12822.




DOI: http://dx.doi.org/10.60468/r.riase.2023.9(3).630.79-98

Apontamentos

  • Não há apontamentos.