O CUIDAR EM INSTITUIÇÃO: A ABORDAGEM DA HUMANITUDE COMO UM RECURSO RELACIONAL PARA O BEM-ESTAR NA VELHICE

Helena Amaro Luz, Rosa Cândida Melo

Resumo


Nos países hiperenvelhecidos e nos quais Portugal se integra, a longevidade constitui uma caracteristica societal que coloca tensões aos agentes das politicas de cuidado, visto que se reconhece que os anos de vida alongados são um preditor de maior fragilidade no campo da saúde e de acrescido risco de dependência. Assim, as instituições residenciais vêm sendo desafiadas a responder a públicos crescentemente diferenciados e a adotar uma cultura pautada por uma atuação distintiva visando o bem-estar dos seus residentes, equacionando a relação de ajuda numa perspetiva de integralidade. Na agenda do cuidado, a abordagem da humanitude vem revelando potencialidades para considerar as “diferentes velhices”, ao fazer prevalecer, nas concepções e práticas do cuidado, atitudes de natureza holística e de capacitação dos públicos abrangidos pelo cuidado. Assente numa revisão da literatura sobre a evidência cientifica da metodologia de cuidado humanitude, este artigo pretende analisar os contornos da velhice diferenciada nas instituições, posicionar a humanitude como instrumento alocado ao cuidado relacional e discutir a necessária aplicação da humanitude, a partir da interação do sistema institucional e sistema “utente”.


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DOI: http://dx.doi.org/10.24902/r.riase.2020.6(3).444.277-291

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