ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO: MOBILIZAÇÃO PRECOCE NO DOENTE COM VENTILAÇÃO MECÂNICA

Vanessa Pereira Brissos, Sara Monteiro, Maria Manuel Varela, Maria José Bule, Gorete Reis

Resumo


Com o avanço tecnológico na área da saúde aumentou o número de pessoas internadas nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), sob ventilação mecânica, sujeitos a longos períodos imobilização, repercutindo-se em efeitos deletérios na funcionalidade dos doentes. Entre outros profissionais, o enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação (EEER) desenvolve estratégias seguras e viáveis que visam a instituição de protocolos de mobilização precoce (PMP), minimizando défices de funcionalidade que interfiram na qualidade de vida do doente. Objetivo: Identificar os ganhos obtidos através de um programa de reabilitação na mobilidade e funcionalidade dos doentes internados em UCI. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo estudo de caso, seguindo a metodologia de Robert Yin, com recurso à teoria do autocuidado de Dorothea Orem. Foi implementado um PMP com apoio da decisão em critérios de segurança, conforme Hodgson et al. e de Engel et al. Resultados: Foram oito o número de casos analisados com heterogeneidade de idade. O PMP mostrou alterações no padrão respiratório (alterações gasimétricas e auscultação pulmonar) compatíveis com uma melhoria da relação ventilação/oxigenação. Sobre o padrão motor, os resultados são sugestivos de benefícios na força muscular e amplitude articular, verificado na sua manutenção e ou aumento, em todos os participantes. Conclusão: O estudo mostra ganhos funcionais com evolução progressiva nas diversas fases do protocolo, que se atribuem à precocidade, especificidade e sistematização da intervenção do EEER. Sugerimos que o protocolo seja aplicado a uma população mais alargada, incluindo as distintas fases de assistência, dos cuidados intensivos ao domicílio.Palavras Chave: Imobilidade; Ventilação Mecânica, Protocolo, Mobilização Precoce; Enfermeiro, Reabilitação.


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DOI: http://dx.doi.org/10.24902/r.riase.2020.6(3).435.326-346

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